quarta-feira, 24 de março de 2010

Lincoln: 'Ainda não desisti do Paulistão'

A fala pausada não reflete o o turbilhão existente no Palestra Itália. O meia Lincoln, do Palmeiras, se expressa como poucos no futebol brasileiro.


O mineiro de São Brás do Suaçuí desembarcou no Palmeiras, no início de fevereiro, após um longo período de litígio com o Galatasaray (TUR), seu ex-clube, que perdurava desde maio de 2009.

Mesmo sem atuar ao longo de dez meses, Lincoln mostrou serviço logo na estreia pelo Verdão: roubou a bola de Arouca e tocou para Robert marcar o gol da eletrizante vitória sobre o Santos, na Vila Belmiro, no último dia 14.

No jogo seguinte, anotou seu primeiro gol pelo Alviverde, no 2 a 1 sobre o Paysandu, pela Copa do Brasil, e homenageou a mulher, Raquel, que está prestes a dar à luz ao primogênito do casal.

Religioso, ele carrega no braço um terço recebido da mãe, chamada carinhosamente de dona Regina. Na base da fé, quer, nesta quarta-feira, contra o Rio Branco, manter vivo o sonho de classificação no Paulistão. E dá o recado à torcida:

– Há alguma coisa boa para acontecer comigo no Palmeiras.

Confira a entrevista exclusiva que Lincoln concedeu ao LANCENET!:

LANCENET!: Qual a sua avaliação dos primeiros dois jogos pelo clube?
LINCOLN: A avaliação é positiva, porque fazia um longo período que eu não atuava. Em uma partida (contra o Santos), joguei praticamente 30 minutos. Na outra (diante do Paysandu), surpreendi a mim mesmo ao jogar os 90 minutos, mas claro que sem ser em um ritmo constante, porque ainda não tenho esse ritmo.

LNET!: Qual é a sua projeção de evolução daqui para frente?
L: A minha programação está sendo muito bem feita. Tenho de agradecer muito ao pessoal da comissão técnica do Palmeiras, que está respeitando esse período em que eu não jogava. Foi o que aconteceu, por exemplo, na última partida contra a Ponte Preta, de que eu tive de ser poupado por dores musculares, já que tinha jogado os 90 minutos (contra o Paysandu). Tenho como evoluir e a acrescentar ao Palmeiras, mas não estou 100%.

LNET!: Essas dores podem tirá-lo do jogo contra o Rio Branco?

L: Daqui para a frente, pretendo estar à disposição (do Antônio Carlos) em todos os jogos, temos de ser coerentes com o planejamento.
LNET!: Por ter atuado por nove anos na Europa, vai precisar de muito tempo para se readaptar totalmente ao futebol brasileiro?

L: O estilo de jogo muda muito. A gente estranha algumas coisas, como a altura do gramado. Lá na Europa, a gente joga em todos os campos da mesma forma, com a grama bem baixinha, apesar de existirem gramados bons e ruins. Aqui no Brasil não, você joga em grama baixa, como no Palestra Itália, e em outros, como contra o Paysandu, quando a grama estava muito alta. Por isto, senti bastante dificuldade. Estou muito pronto para, no mais curto período, me readaptar para poder ajudar o Palmeiras.
LNET!: No seu primeiro gol pelo Palmeiras, contra o Paysandu, você colocou a bola sob a camisa na comemoração. Vem filho por aí?
L: Fiz esta comemoração por causa do nascimento do meu primeiro filho, que deve acontecer em 20 e poucos dias, mas não sei nem o sexo ainda porque a minha mulher, Raquel, está fazendo uma surpresa.

LNET!: Se fizer outro gol, vai dançar o famoso “Armeration”?

L: Não é propício eu entrar em dancinha, porque não sei dançar. É melhor ficar quieto mesmo para não passar vergonha. O Armero é um caso à parte, mostrou que esta qualidade estava escondida (risos).

LNET!: Contra a Ponte, no sábado, você nem no banco estava, mas a torcida gritou seu nome. Como vê esta demonstração de carinho?

L: Fiquei sabendo, sim, que os torcedores gritaram meu nome. Eu assisti apenas ao primeiro tempo do jogo, porque tinha um voo para Belo Horizonte e saí do estádio no intervalo. Fiz questão de estar com o grupo. Concentrei com o elenco, fui ao estádio. É um carinho muito grande que estão tendo por mim. Confesso que estou bastante ansioso para chegar um pouco mais perto da torcida do Palmeiras. Sei que eles têm um enorme carinho pelos jogadores, principalmente quando a equipe vive um bom momento.

LNET!: Como você enxerga a crise pela qual passa o clube? É preciso priorizar a Copa do Brasil?

L: Em primeiro lugar, todo mundo deve saber que, quando as coisas não vão bem, o mais prejudicado é sempre o jogador, porque é ele que treina, se concentra. Todos pensam que a vida que a gente tem é fácil, mas há período em que você passa uma semana sem estar em casa, com a família. Quando as coisas não andam, o primeiro a ficar chateado é o jogador. Ainda não desisti do Campeonato Paulista. Tivemos uma boa partida contra o Santos, fomos bem contra o São Paulo e Paysandu, mas ainda não coloquei na minha cabeça que temos de priorizar a Copa do Brasil. Somos profissionais e temos de ir até o fim.

LNET!: Você, Cleiton Xavier e Diego Souza podem jogar juntos?

L: Desde que eu cheguei ao Palmeiras, sempre tive a intenção de jogar, respeitando todo e qualquer jogador do elenco. Vejo totais condições de os três jogarem, até porque o Cleiton, pelo grande jogador que é, tem totais condições de fazer uma função um pouco mais atrás e o Diego pode fazer uma função um pouco mais à frente. Se fizer uma entrevista com os treinadores do Brasil, todos dirão que gostariam de contar com esses jogadores para jogarem. É uma dor de cabeça boa para o Antônio Carlos. Mas primeiro a gente tem de jogar, se conhecer. Sou bastante observador e gosto de entender como o companheiro gosta de receber a bola. O Diego e o Cleiton também têm essa inteligência.

LNET!: Por que você nunca teve uma chance na Seleção Brasileira?

L: Tive a oportunidade de ser pré-convocado para a Copa América de 2007, mas eu não guardo mágoa nenhuma. Sempre procurei entender pelo lado positivo de que o Brasil sempre teve muitos bons jogadores. O único motivo pelo qual fiquei chateado foi que, quando fui convocado, estava sendo um dos melhores jogadores do Campeonato Alemão e tinha sido vice-campeão nacional (pelo Schalke 04), mas havia jogadores na Seleção que eram reservas nos clubes em que jogavam. O Dunga é um grande treinador e está fazendo um grande trabalho na Seleção. Ele até me ligou para me dizer que não estaria na lista, mas que continuariam me observando. Foi muito gentil da parte dele.
LNET!: Sonha em ser convocado?
L: Claro que se a gente tem uma convocação, deve pensar com carinho, porque somos brasileiros. Diria que coloco o Palmeiras em primeiro lugar e a Seleção em segundo, por eu já ter vivido o meu melhor momento e não ter tido uma chance.
LNET!: Qual foi seu principal aprendizado adquirido na Europa?
L: Comecei a entender o que é respeitar o próximo, o trânsito e adquirir a cultura local, por exemplo.
LNET!: Na semana passada, o presidente Luiz Gonzaga Belluzzo não poupou palavras para elogiá-lo...

L: Fico muito satisfeito. É uma pessoa ótima para se conversar e que, em 30 minutos de conversa, você aprende muito com ele. Talvez eu não seja tudo o que ele está falando (risos). Quero aproveitar para agradecer o Toninho (Cecílio, ex-gerente de futebol e atualmente treinador do Grêmio Prudente) e o Muricy (Ramalho), que foram pessoas diretas na minha contratação. Também tenho um relacionamento muito bom com o (Gilberto) Cipullo (vice-presidente) e com o Savério (Orlandi, diretor).

LNET!: Você viveu grandes rivalidades: Atlético-MG x Cruzeiro, Schalke 04 x B. Dortmund e Galatasaray x Fenerbahçe. Qual foi a mais intensa?

L: O clássico turco. Nada que se comenta chega ao ponto do que você sente dentro do campo neste jogo.
LNET!: Qual a representação do terço tatuado no seu braço esquerdo?

L: Sou bastante religioso e costumo frequentar a missa uma vez por semana, se não houver treinamentos, claro. Minha mãe, dona Regina, também é muito religiosa. Este terço tatuado no braço é de Santa Terezinha, foi ela que me deu. Está sempre ao lado da minha Bíblia na concentração. Perguntei para um amigo meu, tatuador, se tinha como tatuá-lo e exigi que fosse igualzinho, porque tem várias rosas no terço.


Lance

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